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Como ambientes aquáticos se tornaram uma das terapias mais visadas em clínicas de cuidados paliativos
A aprovação recente da Política Nacional de Cuidados Paliativos pode ampliar as oportunidades de terapias para pacientes em estágios terminais
A aprovação recente da Política Nacional de Cuidados Paliativos pode ampliar as oportunidades de terapias para pacientes em estágios terminais. Uma dessas inovações inclui a implementação de piscinas biológicas e lagos ornamentais para a melhoria saúde mental desses pacientes.
Recentemente, o Ministério da Saúde aprovou a Política Nacional de Cuidados Paliativos. Essa medida visa assegurar que pacientes com diagnósticos graves e em estado terminal possam receber assistência pelo sistema SUS. A iniciativa busca atender a uma demanda crescente em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 56 milhões de pessoas ao redor do mundo necessitam desse tipo de tratamento anualmente, e a tendência é que esse número aumente ainda mais devido ao envelhecimento da população, ao aumento de doenças crônicas e aos casos de demência.
Conforme um estudo publicado em 2019 pela Associação Brasileira de Medicina, que analisou diversas bases de dados, a estimativa mínima de pacientes necessitando de cuidados paliativos em 2040 será de aproximadamente 1,2 milhão no país – um aumento significativo em comparação aos 662 mil registrados em 2000.
Os cuidados paliativos procuram proporcionar a máxima qualidade de vida possível a pacientes que se encontram nos estágios finais de doenças já irreversíveis, buscando oferecer conforto, assistência humana e dignidade nos últimos momentos.
Devido a uma certa desinformação sobre o assunto, muitos acreditam que os cuidados paliativos restringem a regulação da dor ou até mesmo a aceleração da morte, porém isso não é a realidade nem o objetivo dos profissionais especializados na área. O cuidado paliativo busca proporcionar conforto físico, emocional e psicológico tanto para os pacientes quanto para seus familiares no momento em que estes se encontram nas fases mais terminais de uma doença. Os métodos utilizados vão além da medicação e podem englobar intervenções terapêuticas, diagnósticas e assistenciais envolvendo profissionais como médicos, psicólogos, enfermeiros, gestores hospitalares, terapeutas, artistas, entre outros.
É neste contexto que a natureza pode desempenhar papel significativo como componente terapêutico. Embora o uso de animais de companhia, como cães e gatos, seja conhecido há tempos nos cuidados paliativos, há também a possibilidade de integrar os pacientes a ambientes com elementos naturais diversos, como plantas, água, paisagens, flores e outros animais. Uma inovação nesse sentido está no uso das piscinas biológicas, uma tendência de decoração dos últimos anos que pode representar um recurso importante para melhorar o bem-estar emocional de pacientes em estado terminal
Dotadas de um conjunto de filtros, dentre eles o biológico, as piscinas biológicas utilizam microrganismos para purificar a água. Os peixes desempenham papel fundamental no controle de algas e larvas de mosquito, criando um fluxo biológico semelhante ao de ecossistemas naturais. Daí a origem do termo piscina biológica. Graças a essa dinâmica circular, as piscinas conseguem se manter limpas sem fazer uso de cloro ou demais produtos químicos.
O único elemento adicionado na água é ozônio, uma substância com poder desinfectante até mil vezes superior ao cloro, mas sem efeitos adversos que este último causa na saúde humana, como alergias respiratórias e danos ao cabelo e à pele. Além disso, as piscinas biológicas não usam sulfato de alumínio, material nocivo à saúde humana que costuma ser aplicado nas piscinas convencionais para decantar sujeiras.
“As piscinas biológicas representam uma quebra de paradigma. Elas ajudam as pessoas a se reconectarem com os ciclos da natureza. Assim como um lago natural ou um rio, a piscina biológica é um ambiente dinâmico e está em constante mudança, sendo o tempo parte integrante da concepção deste verdadeiro ecossistema, agregando ainda mais naturalidade e resiliência ao sistema.”, explica o biólogo Rafael Catarino, dono da Clímax Ambiental empresa especialista em ambientes aquáticos.
“A piscina biológica oferece benefícios para a saúde mental parecidos aos ‘banhos de floresta’, uma prática da medicina oriental que tem sido recomendada por psicólogos de vários países do mundo. Além de serem refrescantes, as piscinas têm esse caráter introspectivo. Um mergulho com snorkel numa piscina biológica têm um efeito relaxante que faz bem para a mente e para o corpo”, acrescentou Catarino.
A implementação de piscinas biológicas em clínicas de cuidados paliativos tem sido considerada para criar ambientes de relaxamento e renovação. Recentemente, a Climax trabalhou com uma clínica especializada em Cuidados Paliativos em Recife para implementar uma piscina biológica pensada especialmente para o contexto. Para isso. Catarino incorporou alguns detalhes como pequenas cascatas para neutralizar o ruído da rua. Gestores da clínica relataram melhorias significativas no bem-estar dos pacientes, transformando o espaço urbano em um local de relaxamento e descanso.